28 agosto 2009

O mal-dizer dos ingratos

Blasted Mechanism, feira de Corroios. Não me diz grande coisa, gosto da originalidade sonora, sem grandes euforias.
Lá vou eu.
Uns trocos em cerveja para afinar a disposição no tom da alegria. Nada de mais. Ou nada de menos, não sei. Ouve-se a música, fala-se com aqueles que importam e não se diz nada de mais.
Merdices à parte, o resultado é boa disposição.

É difícil encontrar o tom, mas ele chega, um pouco desafinado, no entanto.
Mais 2€, não há-de ser nada. O BP (Banco dos Pais) paga a conta e no extracto nem vem discriminado... Como se quer.
Já chega de música. Prefiro dois dedos de conversa sobre nada que dizem mais do que muito.
A companhia é boa. Não há mal que se atreva a vir por bem.

No caminho para casa deparo-me com a cidade, essa que vou ter de aturar durante as primaveras vindouras. Essa que vai ser a farinha do meu pão de cada dia, se tudo correr bem durante os 4 anos que se seguem, a brincar aos Arquitectos.

Edifícios erguem-se a minha volta, criando um "enorme LEGO de betão".
Deparo.me então com a evolução. Como? Como é passámos de grutas, cabanas e casas feitas pelos 3 porquinhos a isto ?
Como é que passámos da caça e pesca ao super-mercado ?
Como é que passámos da auto-sustentação ao consumismo puro e duro ?
Será que os valores pelos quais nos regemos mudaram assim tanto ?
Será que mudamos assim tanto ?

Não temos consciência da sorte.
Tomamos tudo como garantido: Se existe, eu, como habitante de um país de primeiro (segundo, se quiserem) mundo, tenho o direito de o ter ! Quem existe acima de mim ?
Esse ser invisível que existe no céu, que nem com a nossa ida ao espaço se mostrou, não está acima de mim...
Já pensaram nisso ? Fomos ao espaço. Eu não, mas nós fomos.

Mas não, vamos resmungar. Nunca nada está bem, não pode.
O mundo nunca está à minha imagem. E deus (seja lá ele quem/o que for) sabe como isso é mau.
Eu sou tão invejoso que não aceito a diferença que o espelho não mostra... E se o espelho mostrasse o espírito ? Nem vou falar disso.

Cambada de sortudos que só sabem dizer mal enquanto esse mal-dizer os mantiver numa posição confortável, bem ergonómica. Não faz mal à coluna. As dores de costas são chatas. E as de cotovelo ? Essas então são daquelas que fazem lembrar a tia que no Natal nos oferece sempre a mesma prenda.


E cá estou eu. Num canto, sem nada de mais a acrescentar, a mal-dizer dos que mal-dizem por mal-dizer, só porque sim.

TA

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